Evolui quem oferece mais do que demanda
- Tô de Bolhas
- 6 de mai. de 2020
- 3 min de leitura
“Evolui quem oferece mais do que demanda”
Você acha salutar a cobrança de algumas marcas de “moda” sob as #máscaras de tecido? Fator que tem me incomodado ver alguns “estilistas” na produção das máscaras com valores altíssimos, sob o argumento de parte ser para ajudar com cestas básicas ou etc. Apesar do fato de lucrar ser positivo do ponto de vista mercadológico, e a maioria das marcas de #moda que atuam no terceiro setor apenas de forma marketeira, o que mudou durante a pandemia foi a percepção de consumidores e do público em geral em relação as ações (e inações) das marcas.
Na compra de qualquer peça de moda paga-se pelos custos de fabricação, distribuição, lojas, e-commerce, paga-se pelo design, campanhas e claro pela “marca”. Quanto mais próxima ao mercado de luxo, mais essa equação fica evidente. Talvez a intenção dessas marcas não seja ofender, talvez o produto esteja de acordo com as especificações adequadas e enfim, onera consideravelmente todos os fatores que o compõem (o que sabemos não ser verdade porque uma costureira de facção recebe menos de 1 real por peça costurada), mas é preciso entender que a sociedade mudou (e continua a mudar constantemente) e que muitas das práticas antigas não funcionam mais.
Num país em que faltam #EPIs, cobrar pelo valor de marca em máscaras pode ser um tiro no pé. Não seria uma boa hora para os discursos serem coerentes, e realmente ajudarem com todo o seu Know-how e força de produção a equipar TODA a população, e não só quem pode pagar, valores entre R$20 e R$ 70 (já praticados por diversas marcas), para nos protegermos de um vírus que só poderemos combater JUNTOS?
No início da campanha que me aproximei, a #maskeradebrigade, me envolvi justamente por ser uma iniciativa que propõe além do #upcycling de tecidos, a contribuição a quem interessar das máscaras produzidas. De início muita especulação fui obrigada a ouvir, considerar, argumentar, acerca de que “em períodos de crise são ótimos para se fazer dinheiro”. Caraca galera, dinheiro faz parte da vida mas não é o mais importante. Importante é estarmos vivos e compartilhando o que temos, ainda que seja pouco em alguns casos, e outros mais abastados, podem ajudar muito a superar isso tudo. O momento não é de pensar em lucrar com as vidas humanas que estão se esvaindo por causa dessa pandemia. O momento é de fazer deixar sair o que temos de melhor em nós.
Se ainda vc acha certo se proteger organizando altos lucros durante esse baita problema, espero que consiga dormir a noite ou desfilar com sua máscara de marca em uma rua vazia, cemitérios lotados e hospitais debulhando pessoas em estado terminal. Por conta dessa usurpação dos recursos e inclusive da força motriz produtora de bens, a mão de obra, e que alguns se considerem superiores (ainda!) a outros seres e condicionam suas ações a lucros sob a desgraça alheia, é que a coisa ficou assim no planeta. Desgaste geral dos recursos, espaços e das pessoas, tendo que sacrificar suas vidas em nome de míseros dinheiros pra sobreviver enquanto uma classe abastada desfila com suas iniciais bordadas na sua máscara de linho.
“Evolui quem oferece mais do que demanda”
Escrito por Juliana Santos Pegoraro. Inspirações nas publicações de Franco Pellegrino, experiências na costura das máscaras de tecido, e pesquisa sobre o mercado da "moda" no período do #covid19 .
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